Geralmente quando o termo domínio próprio é mencionado, somos levados aos versos de Gálatas 5.22-23:
“Mas o fruto do Espírito é: ( ), domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.”
Porém, o termo não é encontrado apenas nesse verso, ele está presente em praticamente toda a Sagrada Escritura de forma explícita e implícita. Em Gênesis 4.7 o jovem Caim é advertido por Deus, “o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.”. A decisão de exercer o domínio próprio ou não, mudou para sempre sua vida e de sua família. Caim se deixou dominar por seu desejo, e então houve o primeiro assassinato da história. Ter autocontrole é ter liberdade, Caim porém, foi escravo do seu desejo.
Johann Wolfgang Von Goethe, um polímata, autor e estadista alemão do Sacro Império Romano-Germânico, dizia que:
“O homem que domina a si mesmo é libertado da força que amarra todas as criaturas.”
A força a que ele se refere é o desejo de satisfazermos as nossas vontades. Todos os dias temos que escolher se vamos à academia ou não, se vamos nos alimentar de forma saudável ou não, se vamos ler a bíblia e orar ou não. Toda escolha gera uma consequência e todas elas serão fruto da sua capacidade de dominar ou não os seus desejos. Muitos servos do Deus vivo por não praticarem o autocontrole levaram sua vida e a de outras pessoas à ruína. Como se esquecer do rei Davi e Bate-Seba, Adão e Eva, o jovem rico, Sansão, e outros.
O problema não é querer se dominar, isso todos querem, amam sempre ter o controle. Gostamos de controlar os outros e principalmente de nos controlarmos. O problema é que controlar a si mesmo exige de nós algo que odiamos, praticar a tal disciplina. Queremos fazer tudo por motivação, mas a motivação tem data de validade e geralmente é bem curta.
Deus incluiu o domínio próprio como parte do Fruto do Espírito, pois se somos nova criatura em Cristo Jesus, então somos dominados pelo Espírito, e se somos dominados pelo Espírito, temos total condição de nos dominar. O exemplo a seguir talvez seja um pouco extremo, mas servirá didaticamente. Imagine uma pessoa viciada em alguma droga, em sua grande maioria ela teve a oportunidade de escolher entre experimentar ou não a primeira dose. Mas, talvez por pressão de amigos, ou pelo desejo de ser aceita na turma, ou ainda a vontade de conhecer a sensação que a droga pode causar, levou ao primeiro trago. Em pouco tempo seu desejo pela droga vai aumentando devido a dependência química, emocional e psicológica. Veja que hoje ela é dependente, mas no princípio teve a oportunidade de controlar seus desejos.
O domínio próprio não é a ausência da vontade, mas a capacidade se vencer o desejo, se dominando através da disciplina e da razão, e não da motivação e da emoção. Geralmente a escolha nos desagrada. Acordar às 5h para ir à academia, não tomar o sorvete, praticar jejum e oração, ir à igreja, estudar, trabalhar, etc. Mas o que muitos ignoram é que ao vencer seu desejo, o prazer da conquista, da liberdade, e da sensação de poder sobre si mesmo, é maior que qualquer outro prazer.
Dominar a língua, os desejos sexuais, a glutonaria, a preguiça, não é apenas um mandamento bíblico, mas um estilo de vida para quem é realmente livre pelo Sangue do Cordeiro e “da escravidão do pecado”. Antes de dizer: “eu não consigo”, tente identificar o porquê você não consegue ou acredita que não pode fazer ou deixar de fazer.
Paulo nos lembra em 1 Coríntios 10.13a que:
“Não sobreveio a vocês nenhuma tentação que não fosse humana”.
Em Tito 2.12 a Graça de Deus “nos educa para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos neste mundo de forma sensata, justa e piedosa.” Ter domínio próprio não é simplesmente uma possibilidade, mas sim um estilo de vida que todo que se diz cristão deve praticar diariamente. Então... Pratique!